quinta-feira, 14 de julho de 2016

A Cad.´. de Un.´.

A formação da Cad.´. de Un.´. constitui o coroamento de uma proveitosa ses.´. em L.´., pois o Círculo que se
forma, quando os II.´. dão as mãos em torno do Alt.´.[i], encontrando-se ainda aberto o Liv.´. Sag.´., é um acto litúrgico dos mais belos.

O misticismo litúrgico decorre de certos factores que se podem reunir, como a luminosidade, o som e o perfume.

O corpo humano[ii], por meio do seu sistema nervoso, regista as excitações que vêm do mundo exterior, e os seus órgãos e músculos dão a resposta apropriada. Estamos na presença do homem “receptivo” e ao seu lado existirá um corpo “doador”, a união destas duas “forças” completa o ciclo da Natureza, nada mais adequado e importante do que a “troca” dentro da Cad.´. de Un.´..

Unido em Cad.´. de Un.´., o corpo humano submete-se a uma constante troca por meio das excitações dos toques[iii], estes são produzidos pelas mãos e pés, contudo, dada a aproximação dos corpos, surgem outros toques como as ondas sonoras. Com estas “permutas” e uniformizando-se a respiração, verifica-se um perfeito equilíbrio, onde ninguém terá mais a “dar” nem a “receber”, haverá sim uma só identidade. É a “vida em união” do salmista, ou a compreensão exacta das palavras do Divino Mestre: “Eu e o Pai somos UM”[iv].

Mas, como formar a Cad.´. de Un.´., refere CAMINO que os II.´. se unem em torno do Ar.´., os pés formando esq.´., com os calc.´. uni.´. e as pontas tocando os do II.´. que está ao seu lado, dando as mm.´., passando o bra.´. dir.´. sobre o esq.´. de modo que a mão dir.´. de um aperte a esq.´. do outro. Devem estar colocados por ordem hierárquica uma vez que esta tem a sua influência esotérica; assim, o V\M\ tem as costas voltadas para o Tr.´. de onde desceu; os VV.´., cada um ao lado e à frente da sua Col.´., formam com o V\M\ um triângulo; o G.´.I.´. fica de costas para a porta de entrada, ladeado pelos DDiác.´.. Acrescenta ainda que, ao lado do V\M\, à dir.´., fica o Or.´. e à esq.´. o Sec.´..

Como já referi, a posição hierárquica tem relevante importância esotérica e é referida por diversos autores, uma vez que as “luzes” da L.´., ou seja, o V\M\, os VV.´. e demais OOf.´., são eleitos como os mais capacitados para dirigir durante o ano os destinos da L.´., neles são depositadas plena confiança de todos os OObr.´.. Ora, colocados, LLuz.´. e OOfic.´., no círculo que forma a Cad.´. de Un.´., proporcionarão o “equilíbrio”, distribuindo as forças espirituais, eis que indubitavelmente a “Autoridade Maç.´.” é portadora de uma soma maior de potência energética[v].

A Luminosidade

Para que possa existir um ambiente propício à meditação e à realização da Cad.´. de Un.´., torna-se recomendável que a luminosidade seja apropriada. Pelo que li, muitas L.´. usam apenas a luz dos três candelabros de velas, outras adoptam a luz de uma pira que arde alimentada a álcool, outras ainda usam a Lâmp.´. Vot.´., alimentada a azeite ou luz eléctrica, não existe uma regra rígida a este respeito, deve sim, o I.´. Arq.´., tomar para si essa tarefa e ficar a seu cargo a escolha apropriada[vi].

Penso que será relevante ater-nos ao significado da Luz Espiritual que emana dos próprios elementos que constituem, e formam, a Cad.´. de Un.´. e que iluminam o ambiente com suficiência e propriedade.

Como referem alguns autores, o corpo humano pode gerar luminosidade, já os antigos pintores aplicavam às figuras dos santos uma auréola que simbolizava essa luz que emana do interior. Todas as divindades são representadas com um halo em torno de si.

Há mesmo um Provérbio de Salomão que diz: “Pois o ensino é como uma lâmpada, e a lei, uma luz”. Acrescento, que o Novo Testamento nos dá mais “luzes” a respeito deste assunto, porque foi tomando o termo luz como símbolo sagrado que foi marcada de uma forma carinhosa e convincente a presença de Deus no homem[vii].

A importância do sentido filosófico da Luz, tomada em qualquer sentido (verdadeira ou falsa, porque o próprio Satanás se apresentava como “Anjo de Luz”[viii]), transcende a compreensão do homem comum, do prof.´. e do maç.´. primário como eu.

O Som

O som é um elemento que conduz, por caminho natural e suave, à meditação, por isso, referem alguns autores que este, enquanto se forma a Cad.´. de Un.´. adquire uma importância relevante, sendo necessária a maior atenção na sua escolha pelo M.´. de Harm.´..

Por outro lado, em diversas L.´. a Pal.´. Sem.´. é transmitida dentro da formação da Cad.´. de Un.´., é certo que esta poderia ser transmitida por escrito, mas, embora ao lê-la a mente receba o poder que ela emana, os resultados que o som poderia produzir não seriam exercidos.

Portanto, um dos elementos fundamentais da Cad.´. de Un.´. é o som produzido pelo sussurro da passagem da Pal.´. Sem.´. transmitida de ouvido em ouvido[ix].

De referir, que à Pal.´. Sem.´. são atribuídas várias finalidades; dar Regularidade; permitir a entrada nos TT.´.[x]; fornecer o som para a Cad.´. de Un.´. e evidenciar a existência de uma Autoridade Central[xi]. Esta deve ser mudada de seis em seis meses, correspondendo às passagens dos Equinócios e Solstícios, ou seja, na entrada do Verão e na entrada do Inverno.

Como saberão, os orientais fixam o seu pensamento condutor à meditação transcendental ou profunda através de um Mantra, que não será muito mais que o pronunciar-se sussurrando uma palavra convencional, é, por assim dizer, o veículo que abre caminho para a parte interna do Ser[xii].

Ora, a Pal.´. Sem.´. actua como Mantra, e sussurrada de ouvido a ouvido tem o dom de conduzir à meditação, com rapidez.

O Perfume

Pese embora o incen.´. não seja propriamente de uso básico na Maç.´., a sua utilização obedece à tradição esotérica milenar, que sejam do meu conhecimento, todos os povos nas suas cerimónias religiosas os utilizaram e continuam a utilizar, “perfumando” assim os seus cultos.

Desde logo, nas Sagradas Escrituras podemos ler:

“Disse Jeová a Moisés: Toma especiarias aromáticas; estoraque[xiii], onicha[xiv] e gálbano[xv]; especiarias aromáticas com incenso puro. Cada uma delas será de igual peso; e delas farás um incenso, um perfume segundo a arte do perfumista, temperado com sal, puro e santo.” (in Livro do Êxodo 34).

Ao ser formada a Cad.´. de Un.´., o V\M\ providenciará, antecipadamente, que haja um apropriado “perfume” produzido pelo incen.´., pois que a verdade incontestável é que, para a formação da Cad.´. de Un.´., a queima do incen.´. é recomendável pelos efeitos que produz como condutor à meditação.

Assim, na presença de uma iluminação adequada, som apropriado e um correcto perfume, com a respiração uniforme e a magia do “som” da Pal.´. Sem.´.” a Cad.´. de Un.´. se transforma num só corpo e, por instantes, circulará a vida de cada um na vida do I.´. que está ao seu lado, será a verdadeira e mística união[xvi].



Referências Bibliográficas




[i] O Ara.

[ii] O corpo humano possui um “sistema central” que compreende o cérebro, o cerebelo, o bulbo e a medula. O sistema central age directamente sobre os nervos dos músculos e indirectamente sobre os órgãos, e por meio dos nervos sensitivos recebe as “mensagens” vindas da superfície do corpo e dos órgãos dos sentidos. Essas “mensagens” são enviadas para todos os órgãos pelo sistema simpático. (In CAMINO, Rizzardo – Vade-Mécum do Simbolismos Maçónico. São Paulo: Madras, 2006. ISBN 85-370-0120-1).

[iii] O “toque” é muito usado desde os mistérios egípcios, segundo vários autores, estes são narrados nas Sagradas Escrituras, o “poder” do Cristo que é a “terapêutica” das massagens.

[iv] Oper Cit.

[v] A este respeito, refere Rizzardo da Camino in Oper. Cit., que “A posição hierárquica obviamente repousa na presença do titular do cargo, e não em seu eventual substituto”, uma vez que o titular do cargo prestou o compromisso sagrado ao ser empossado por meio de ritual especial, o que não acontece com o substituto, a distribuição de cargos na Loja obedece simbolicamente à criação do Universo.

[vi] “Quando o Sol está por nascer ou em seu ocaso, quando a Terra começa a iluminar-se ou a escurecer, quando os pássaros calam ou iniciam os seus trinados, as flores e folhas fecham suas corola ou se unem os seus ramos ou desabrocham, e quando a Natureza toda inicia a sua dança de agitação ou seu período de descanso, aproxima-se a hora propícia para meditar” (In Oper. Cit.).

[vii] “Vós sois a Luz do mundo. Não pode permanecer oculta uma cidade no monte. Nem se acende uma luz e se põe debaixo do alqueire, mas sim sobre o candelabro para alumiar a todos os que estão em casa. Assim brilha diante dos homens a Vossa Luz, para que vejam as Vossas obras e glorifiquem o Vosso Pai Celeste”. (Mateus 5,14-16).

“Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens, e a Luz brilhava nas trevas, mas as trevas não a compreenderam.” (João, 1,4).

“Era a Luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.” (João 1,9).

[viii] Satanás, aqui, não será o Diabo, Demónio ou Espírito do Mal, mas sim o “Opositor”, o que nega a Verdade. É evidente que a sua Luz, embora luminosa, não será a Verdadeira Luz.

[ix] Forma convencional estabelecida, para que mais ninguém a ouça.

[x] “Nenhum visitante tem ingresso se não souber a Pal.´. Sem.´., que é recolhida pelo G.´. do T.´.” (in CAMINO, Rizzardo – Simbolismo do Primeiro Grau. São Paulo: Madras, 2009. ISBN 978-85-370-0483-1).

[xi] Os Grão-Mestres, tanto das Gr.´. L.´. como dos Gr.´. Or.´., uma vez que são estes que indicaram qual a palavra a utilizar.

[xii] Ext. e Adp. CAMINO, Rizzardo – Simbolismo do Primeiro Grau. São Paulo: Madras, 2009. ISBN 978-85-370-0483-1).

[xiii] Resina odorífica extraída da árvore do mesmo nome e conhecida entre nós com o nome de “jenjoeiro”.

[xiv] Resina mais conhecida como “unha odorífera”.

[xv] Planta umbelífera, sempre verde, que fornece uma resina medicinal.

[xvi] Extr. e Adap. CAMINO, Rizzardo – Vade-Mécum do Simbolismos Maçónico. São Paulo: Madras, 2006. ISBN 85-370-0120-1.

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