quarta-feira, 20 de julho de 2016

I.N.R.I.: Alguns dos seus significados[i]

Durante a minha elev.´. a C.´., mais concretamente na minha quart.´. viag.´., fui confrontado com um tetragrama
que conhecia bem, julgava eu … pois é sobre essas quatro letras – INRI - que me pretendo debruçar, procurando penetrar nos seus mistérios até ao limite da minha compreensão.

De tudo o que consegui ler, existem vários significados que se desdobram em vários níveis, desde logo, o que provavelmente todos conhecem, a um nível mais externo diria eu, refiro-me à inscrição colocada na cruz onde, assim acreditam os cristãos, Jesus foi crucificado.

A esse propósito, pudemos ler no Evangelho segundo João[ii], “Eles levaram Jesus. E ele, carregando ele próprio a cruz, saiu em direção a um lugar chamado Calvário[iii]. Foi ali que o pregaram na cruz. E crucificaram com ele outros dois homens, um à esquerda e outro à direita de Jesus. Pilatos mandou escrever e colocar sobre a cruz um letreiro que dizia: Jesus o Nazareno, Rei dos Judeus.”

Em 26 de Abril de 1839, no seu número 115, foi publicado no “Jornal de Frankfurt” um documento que alude à sentença de Pôncio Pilatos, pelo que li, este documento, foi encontrado durante as escavações na cidade de Áquila, no reino de Nápoles em 1280, e refere o seguinte:

“Eu, Pôncio Pilatos, aqui presidente do império Romano, dentro do palácio da arqui-residência, julgo, condeno e sentencio á morte Jesus, chamado pela plebe de Cristo Nazareno, de pátria Galileu, homem sedicioso[iv] da lei mosaica, contrário ao grande Imperador Tibério César.

Determino e pronuncio por esta, que sua morte seja em cruz, ficando com cravos, segundo a usança dos réus, porque aqui, congregando e juntando muitos homens ricos e pobres, não cessou de promover tumultos por toda a Judeia, dizendo-se filho de Deus e Rei de Israel, ameaçando-os com a ruina de Jerusalém e do sacra templo, negando o templo de César, e havendo tido o atrevimento de entrar com ramos e triunfo, e com parte da plebe, na cidade de Jerusalém e no sacra templo.

Mando que se leve pela cidade de Jerusalém o Jesus Cristo, ligado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e coroado de alguns espinhos, com a própria cruz nos ombros, para que sirva de exemplo a todos os malvados, e com ele sejam levados dois ladrões homicidas, e sairão pela porta Yagarda e que se leve Jesus ao público Monte da Justiça, chamado Calvário, onde sacrificado e morto fique o corpo na cruz, como espetáculo a todos os malvados, e sobre a cruz seja posto este titulo nas línguas hebraica, grega e latina: Jesus Nazarenus Rex Jurdeorum (I.N.R.I.).”

Mas, se fizermos uma leitura mais atenta aos diversos escritos sobre o assunto, facilmente verificamos que muito antes dos Evangelhos estas quatro iniciais já eram conhecidas pelos antigos Sábios nos Santuários da Gnosis, como síntese de uma das fórmulas da natureza.

- Igne Natura Renovatur Integra – A natureza é completamente renovada pelo fogo.

A outro nível, sabemos também que INRI são as iniciais que encerram o segredo da Palavra Sagrada dos Cavaleiros Rosa Cruz (Grau dezoito da Maçonaria Ortodoxa), palavra esta que não se pronuncia, mas que está contida num diálogo do seu Ritual:

P.: Donde vindes?
R.: Da J.
P.: Por que cidade passaste?
R.: Por N.
P.: Quem vos conduziu?
R.: R.
P.: De que tribo sois?
R.: Da tribo de J.

Na câmara, onde os Cavaleiros Rosacruzes fazem os seus trabalhos, há vários objetos e ornamentos para que se possam desenvolver os rituais capitulares do Grau 18. Um deles é uma cruz ansata, com as letras I.N.R.I., alternadamente, em branco e preto, ao lado de um compasso e um esquadro, sobre uma mesinha triangular colocada entre o altar e a entrada do oriente.

Esta sigla, é usada como identificação entre os Cavaleiros Rosacruzes, e vem da própria iniciação do Grau com uma antiga máxima hermética já referida, Igne Natura Renovatur Integra, O fogo renova a natureza inteira. Mas, ela aparece também, quando o Cavaleiro é interpelado sobre a Verdade e responde que “a viu na Judéia, Nazaré, Rafael e Judá”.

Li algures que o Grau do Cavaleiro Rasacruz reflete a descida sobre nós de uma profunda tristeza e trevas, quando em desespero, nós podemos agarrar-nos a duas grandes forças motivadoras para nos salvar: a Razão e a Fé. A Razão trata daquilo que pode ser demonstrado, o que é tangível. A Fé vem de dentro de nós, o intangível.

Por outro lado, tive a oportunidade de verificar que alguns rituais atribuem ao tetragrama INRI o significado de “Jesus Nazarenus, Rex Judeorum”, ou que, entre os hebreus estas iniciais representavam os quatro elementos primitivos da antiga física, também conhecidos dos antigos filósofos e por cuja prova ainda passam os iniciados de alguns ritos Maçônicos: I, de Iammim (água); N, de Nur (fogo); R, de Ruahar (ar) e I, de Iabaschah (terra), certamente bem conhecidos por todos os MM\QQ\II\.

Em conclusão, os significados para a sigla I.N.R.I. não ficam certamente por aqui, outros existirão e outros acabarão por surgir, pois é notório que ela já se tornou mística e a imaginação do Homem não tem limites, muito mais quando algo está envolto de mistérios.


Referências Bibliográficas


[i] Extr. e Adaptado:
- Textos Cavaleiro Rosacruz – Clube Epistolar Real Arco do Templo;
- Ensaios dos Membros THOR – INRI e os seus mistérios.

[ii]Bíblia, Edição Interconfessional (2011). A Bíblia para todos, Lisboa. ISBN: LBE-EPS-2011-3K-BPTI6LG, p. 1894.

[iii] Caveira, em hebraico, Gólgota.

[iv] Insubordinado.

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