Durante a
minha elev.´. a C.´., mais concretamente na minha quart.´. viag.´., fui
confrontado com um tetragrama
que conhecia bem, julgava eu … pois é sobre essas
quatro letras – INRI - que me pretendo debruçar, procurando penetrar nos seus
mistérios até ao limite da minha compreensão.
De tudo o
que consegui ler, existem vários significados que se desdobram em vários
níveis, desde logo, o que provavelmente todos conhecem, a um nível mais externo
diria eu, refiro-me à inscrição colocada na cruz onde, assim acreditam os
cristãos, Jesus foi crucificado.
A esse
propósito, pudemos ler no Evangelho segundo João[ii],
“Eles levaram Jesus. E ele, carregando ele próprio a cruz, saiu em direção a
um lugar chamado Calvário[iii].
Foi ali que o pregaram na cruz. E crucificaram com ele outros dois homens, um à
esquerda e outro à direita de Jesus. Pilatos mandou escrever e colocar sobre a
cruz um letreiro que dizia: Jesus o Nazareno, Rei dos Judeus.”
Em 26 de
Abril de 1839, no seu número 115, foi publicado no “Jornal de Frankfurt” um
documento que alude à sentença de Pôncio Pilatos, pelo que li, este documento,
foi encontrado durante as escavações na cidade de Áquila, no reino de Nápoles
em 1280, e refere o seguinte:
“Eu,
Pôncio Pilatos, aqui presidente do império Romano, dentro do palácio da
arqui-residência, julgo, condeno e sentencio á morte Jesus, chamado pela plebe
de Cristo Nazareno, de pátria Galileu, homem sedicioso[iv] da
lei mosaica, contrário ao grande Imperador Tibério César.
Determino
e pronuncio por esta, que sua morte seja em cruz, ficando com cravos, segundo a
usança dos réus, porque aqui, congregando e juntando muitos homens ricos e
pobres, não cessou de promover tumultos por toda a Judeia, dizendo-se filho de
Deus e Rei de Israel, ameaçando-os com a ruina de Jerusalém e do sacra templo,
negando o templo de César, e havendo tido o atrevimento de entrar com ramos e triunfo,
e com parte da plebe, na cidade de Jerusalém e no sacra templo.
Mando que
se leve pela cidade de Jerusalém o Jesus Cristo, ligado e açoitado, e que seja
vestido de púrpura e coroado de alguns espinhos, com a própria cruz nos ombros,
para que sirva de exemplo a todos os malvados, e com ele sejam levados dois
ladrões homicidas, e sairão pela porta Yagarda e que se leve Jesus ao público
Monte da Justiça, chamado Calvário, onde sacrificado e morto fique o corpo na
cruz, como espetáculo a todos os malvados, e sobre a cruz seja posto este
titulo nas línguas hebraica, grega e latina: Jesus Nazarenus Rex Jurdeorum
(I.N.R.I.).”
Mas, se fizermos uma leitura mais
atenta aos diversos escritos sobre o assunto, facilmente verificamos que muito
antes dos Evangelhos estas quatro iniciais já eram conhecidas pelos antigos
Sábios nos Santuários da Gnosis, como síntese de uma das fórmulas da natureza.
- Igne Natura Renovatur Integra – A
natureza é completamente renovada pelo fogo.
A outro nível, sabemos também que
INRI são as iniciais que encerram o segredo da Palavra Sagrada dos Cavaleiros
Rosa Cruz (Grau dezoito da Maçonaria Ortodoxa), palavra esta que não se
pronuncia, mas que está contida num diálogo do seu Ritual:
P.: Donde vindes?
R.: Da J.
P.: Por que cidade passaste?
R.: Por N.
P.: Quem vos conduziu?
R.: R.
P.: De que tribo sois?
R.: Da tribo de J.
Na câmara, onde os Cavaleiros
Rosacruzes fazem os seus trabalhos, há vários objetos e ornamentos para que se
possam desenvolver os rituais capitulares do Grau 18. Um deles é uma cruz
ansata, com as letras I.N.R.I., alternadamente, em branco e preto, ao lado de
um compasso e um esquadro, sobre uma mesinha triangular colocada entre o altar
e a entrada do oriente.
Esta sigla, é usada como
identificação entre os Cavaleiros Rosacruzes, e vem da própria iniciação do
Grau com uma antiga máxima hermética já referida, Igne Natura Renovatur
Integra, O fogo renova a natureza inteira. Mas, ela aparece também, quando
o Cavaleiro é interpelado sobre a Verdade e responde que “a viu na Judéia,
Nazaré, Rafael e Judá”.
Li algures que o Grau do
Cavaleiro Rasacruz reflete a descida sobre nós de uma profunda tristeza e
trevas, quando em desespero, nós podemos agarrar-nos a duas grandes forças
motivadoras para nos salvar: a Razão e a Fé. A Razão trata daquilo que pode ser
demonstrado, o que é tangível. A Fé vem de dentro de nós, o intangível.
Por outro lado, tive a
oportunidade de verificar que alguns rituais atribuem ao tetragrama INRI o
significado de “Jesus Nazarenus, Rex Judeorum”, ou que, entre os hebreus
estas iniciais representavam os quatro elementos primitivos da antiga física,
também conhecidos dos antigos filósofos e por cuja prova ainda passam os
iniciados de alguns ritos Maçônicos: I, de Iammim (água); N, de Nur (fogo); R,
de Ruahar (ar) e I, de Iabaschah (terra), certamente bem conhecidos por todos
os MM\QQ\II\.
Em conclusão, os significados
para a sigla I.N.R.I. não ficam certamente por aqui, outros existirão e outros acabarão
por surgir, pois é notório que ela já se tornou mística e a imaginação do Homem
não tem limites, muito mais quando algo está envolto de mistérios.
Referências Bibliográficas
[i] Extr. e
Adaptado:
- Textos
Cavaleiro Rosacruz – Clube Epistolar Real Arco do Templo;
-
Ensaios dos Membros THOR – INRI e os seus mistérios.
[ii]Bíblia, Edição Interconfessional
(2011). A Bíblia para todos, Lisboa. ISBN: LBE-EPS-2011-3K-BPTI6LG, p. 1894.
[iii] Caveira, em hebraico, Gólgota.
[iv] Insubordinado.
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