quinta-feira, 14 de julho de 2016

A Iluminação das LL.´. e dos TT.´.

Esta pr.´. é baseada num texto extraído de um livro que estou a ler, “Vade-Mécum: do Simbolismo Maçónico”, de Rizzardo da Camino, que, com as devidas adaptações, me parece de grande utilidade.

Diz o referido autor que é norma corrente os trabalhos mmaç.´. de desenvolverem à noite, a não ser que, em ocasiões excepcionais, venham a ocorrer durante o dia; além disso, os T.´. são construídos de forma a manterem-se isolados das “vistas prof.´.”, sua parte interna é escura, com pouca luminosidade.

Na Sala dos Pass.´. Perd.´.[i] a iluminação será comum, pois se trata de uma ligação entre o “mundo prof.´.” e o “espaço” que o liga à L.´. Maç.´..

Os II.´. deverão sentir-se num ambiente comum, sem a presença de símbolos; os ornamentos apropriados, como retratos, estátuas, quadro de anúncios, em nada se unem aos símbolos que são “elementos” sagrados, porque expressam a Fil.´. Maç.´..

No momento em que os II.´. são chamados para ingressar no Átr.´.[ii], já devidamente revestidos com suas insígnias, a luminosidade muda[iii].

Assim como a S.´. dos Pass.´. Perd.´. representa o consciente, o Átr.´. será o subconsciente; portanto, um passo “para dentro”, com a finalidade de atingirmos o nosso “T.´. Int.´.”.

A luminosidade deverá ser amenizada, de uma cor azulada, suave, que conduza ao silêncio; todo o assunto interrompido na sala precedente não poderá ser continuado; a preparação é mental-espiritual. O M.´.C.´. faz a preparação, alertando os II.´. que ingressam no T.´.[iv].

Só ele terá permissão para abrir a Porta[v].

O ingresso no T.´. encontrará uma penumbra tão suave que apenas se notem os vultos; a Lâmp.´. Vot.´.[vi] esparge a sua Luz vermelha a orientar os passos.

A luz será acentuada gradativamente após a leitura do Liv.´. Sag.´., porque, na linguagem bíblica, a Pal.´. de Deus será como uma Lâmpada[vii].

O ambiente passa a ser adequadamente iluminado; os círios ao redor do Alt.´. e as luzes correspondentes aos Graus permitem o início dos trabalhos.

Por ocasião dos giros para a col.´. das prop.´. e dos óbul.´. a luz deverá ser amenizada, porque auxiliará na meditação conduzida pelo fundo musical.

A este respeito, será de referir que a colocação da mão direita nos recipientes coletadores é gesto obrigatório, pois faz parte da Liturgia.

Obrigatória é a “colocação” da mão, mas o “dar” não é obrigatório sob o ponto de vista material, ou seja, não é obrigatório deixar cair alguma coisa dentro do recipiente. Este acto divide-se em duas partes: a primeira, quando são solicitadas as prop.´., comunic.´., soluç.´. escr.´.; a segunda parte é a administrativa, que aparentemente diz respeito ao trabalho da organização da L.´.; porém, uma vez que a mão direita se eleva e “penetra” na “sacola”, o papel que ela oculta, dobrado em forma de tri.., não é visto pelos demais participantes.

Quem nada põe, contudo, deixa desprender de si um “calor” que, por mais ténue que seja, somado aos demais, compõe uma “energia”. Esta é veículo, pois procede de um ser humano que se dispõe a “colaborar” com a “Ordem do Dia” que está em “movimento”. Assim, se por acaso o “sac.´. das prop.´. e inform.´.” colhe alguma “col.´. grav.´.”, essa coluna fica “imantada” por todos, com o significado de que todos estão a participar naquele assunto.

O acto de colocar a mão no receptáculo é místico, dai a luz não poder iluminar “esse contacto” que, por ser discreto, exige penumbra.

O Ofic.´. que recolhe as prop.´. e prop.´. faz o giro obedecendo ao caminho preestabelecido ritualísticamente, da Autoridade Maior para o participante menor; maior e menor no sentido hierárquico, porque, afora isso, todos os II.´. são iguais.

Passada a “sacola”, cai o I.´. em profunda meditação, absorvendo a melodia que está sendo executada, o ambiente formado pelas luzes das vel.´. e o ténue véu que se forma com a queima do inc.´..

Posteriormente, novo momento espiritual ocorre, quando o I.´. Hosp.´. inicia o seu “giro ritualístico” para recolher os óob.´. que se destinam aos pobres. Aqui, o I.´. Hosp.´. assume uma característica curiosa, a do homem que ira solucionar os problemas dos necessitados; aquele que fará lembrar a todos a necessidade social de “dar aos pobres e atender ao próximo carente”.

Diria eu que, por mais rico que seja o resultado da colecta, pouco ou nada irá solucionar o grave problema dos necessitados, no entanto, tal acção desperta em todos nós a lembrança de que temos um dever social a cumprir, como refere o supra referido autor, dever de amor fraterno, de solidariedade e de co-participação[viii].

Quando o I.´. Hosp.´. apresenta o “S.´. de Benef.´.”, temos a obrigação de colocar um ób.´.; nesse caso, a nossa mão é “condutora” de alguma coisa que convencionalmente significa “riqueza”; depositada a sua parte, embora de forma exclusivamente simbólica, estará depositando, ao mesmo tempo, de modo intrínseco, o seu “desejo” de contribuir para amenizar a situação aflitiva do mundo[ix].

Sobre o assunto, o mesmo autor refere que, após o acto da colecta, a impregnação “fluídica” do ambiente atinge de tal forma o maç.´. que este poderia retirar-se plenamente realizado. O despertar dessas forças ocultas para que elas desempenhem a sua missão é uma das obras mais relevantes da Instituição.

Acrescenta ainda que, quando o maç.´., no mundo prof.´., exercitar a sua Caridade, há-de retornar, em pensamento, ao acto praticado na sua L.´. como se estivesse despertando de um sonho, pois a última melodia que percebera ainda lhe soa nos ouvidos.

Assim, a Maç.´. prepara os seus adeptos.

E de forma também um tanto poética: “Luz amena, som apropriado e “prana” adequado”.


Referências Bibliográficas



[i] A S.´. dos P.´. Perd.´. também possui o seu significado esotérico, pois significa a nossa presença fora do T.´., ou seja, a vida extra-sensorial, vagando pelo Cosmos, de forma ampla, onde o maç.´. poderá encontrar toda sorte de aventuras espaciais e mentais.

(Vide “Simbolismo do Primeiro Grau”, do mesmo autor - CAMINO, Rizzardo).

[ii] Antecâmara do T.´..

[iii] O correcto para o autor seria que os Irmãos se param.´. no Átr.´. e não na S.´. dos P.´. Perd.´..

[iv] Organizada a dúplice fila, o M.´.C.´. dará um golpe com seu bastão no piso e dirá:

“Meus II.´.! Antes de ingressarmos neste Aug.´. T.´., devemos meditar, preparando-nos para, ao mesmo tempo, ingressarmos no T.´. de Dent.´., mergulhando em um Oceano de tranquilidade, deixando os pensamentos comuns, os dissabores, as angústias, os problemas do quotidiano para trás.

Nosso escopo é completarmos a edificação do T.´. da Virtude, embelezando-o com os nosos propósitos de aperfeiçoamento.

Cada I.´. somará ao que lhe estiver ao lado, as vibrações benéficas, visando a encontrar, após o umbral desta Porta, a Paz de que tanto necessita.

Invoquemos o G.´.A.´.D.´.U.´., para que dirija os nossos passos”. (Ext. e Adp. CAMINO, Rizzardo – Simbolismo do Primeiro Grau. São Paulo: Madras, 2009. ISBN 978-85-370-0483-1).

[v] Antes da permissão dada pelo M.´.C.´., ninguém poderá entrar no T.´., onde já devem estar ocupando os seus postos o G.´.I.´., e o M.´.Harm.´..

À frente da porta cerrada, do lado externo, o M.´.C.´. organizará os Obr.´. em duas filas obedecendo à seguinte ordem: dois a dois, os AA.´. e CC.´., estes do lado sul e aquelas do lado norte, indo à frente os mais novatos; a seguir, os MM.´., depois, os Of.´., cada um do lado das respectivas Col.´.; em seguida, os Vis.´.; após, os ex-Ven.´. e, finalmente, os dois VV.´.; em último, o V.´.M.´.. (Ext. e Adp. CAMINO, Rizzardo – Simbolismo do Primeiro Grau. São Paulo: Madras, 2009. ISBN 978-85-370-0483-1).

[vi] A Lâmp.´. Vot.´., como a palavra sugere, é uma luz que se acende com um desígnio sagrado. O entendimento actual é de que essa “luz” deva ser permanente e provinda de uma origem sagrada; era usada, na Antiga Grécia, para o inicio dos Jogos Olímpicos. Desde o cume no Monte Olimpo, era “colhida” por reflexão do Sol, em triângulo de cristal de rocha que incendiava um elemento apropriado, transferindo o “fogo” para a tocha alimentada com “alcatrão” ou óleo. Durante os dias de festejos, essa lâmpada era mantida permanentemente acesa.

Não se conhece, para o T.´. de Sal.´. ou para o Taber.´. de Davi, prática semelhante.

Algumas L.´. Maç.´. retiram dela o fogo para acendimento das velas que ornam e iluminam o Alt.´., antes da abertura da L.´., M.´.C.´. encarregam-se de acender a Lâmp.´. Vot.´..

[vii] A sua luz é tão intensa, segundo o Salmista, que o Sol lhe será sombra.

[viii] “A Maç.´. existe para a incessante busca de melhorar os homens; melhorar o indivíduo e o grupo, por menor que sejam; este poderá, por sua vez, melhorar aqueles que com ele convivem e assim, em um encadeamento sem fim, a melhoria se amplia, dilata-se e consegue resultados”. (CAMINO, Rizzardo – Vade-Mécum do Simbolismos Maçónico. São Paulo: Madras, 2006. ISBN 85-370-0120-1).


[ix] Aqui não importa a solução, mas o “desejo” de solucionar; pareceria prosaico e inútil, mas não o é; todos devemos “educar” os nossos desejos, porque se transformam em realidade.

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