quarta-feira, 13 de julho de 2016

Inic.´.: As três viagens simbólicas

Foram muitas as sensações por mim recolhidas nesse meu primeiro dia, não tenho a habilidade suficiente para as resumir e expor todas por esta via, no entanto, recordo particularmente as três viagens simbólicas.

Já devidamente preparado[i] e após um conjunto de provas[ii], fui conduzido até um compartimento[iii], no seu interior comecei a caminhar lentamente, ultrapassando obstáculos, pisando um solo irregular que ia magoando os meus pés descalços, perante um horrível ruído, recordo a impressão de barafunda e grande confusão que aquele ambiente me provocava.

Pelo que pude estudar posteriormente, quando alguém ingressava nos “Mistérios Menores”, na Grécia ou Egipto, considerava-se que o primeiro e mais importante ensino que se deveria receber era a verdade acerca das condições depois da morte, pois tinham em conta que o homem pode morrer a qualquer instante e, portanto, deve possuir tal conhecimento. Actualmente, esta prática continua a ser utilizada e as três viagens simbólicas constituem a parte principal desse ensino.

Pelo que sei agora, o cand.´. deve passar por três pórticos ou portais, que são invisíveis aos olhos do corpo físico, mas perfeitamente reais porque estão construídos com o pensamento[iv].

Terminada a minha primeira viagem, e conforme o que me foi também explicado na altura pelo nosso V.’.M.’., esta viagem é uma débil simulação das provas por que o candidato havia de passar nos antigos Mistérios, quando era conduzido pelas tenebrosas cavernas, símbolo do mundo astral inferior, entre tumultuosos ruídos e rodeado de perigos que não podia compreender.

Ainda no final dessa minha viagem, tenho bem presente que, sei agora, fui apresentado aos elementos da terra e da água, que representam os subplanos sólido e líquido do mundo astral, era essa a região onde simbolicamente havia chegado.

Dei então início à minha segunda viagem simbólica, muito semelhante à anterior, mas os ruídos são agora suaves e mais agradáveis, os obstáculos são menores e mais facilmente transpostos.

Também pelo que pude estudar posteriormente, simbolicamente encontrava-me ainda num mundo astral, mas na sua parte intermédia, muito mais fina e subtil[v].

“Os desejos que apegam o homem à matéria desta região intermédia não são de modo algum repreensíveis, mas não favorecem o progresso. Todos os prazeres do corpo, que não sejam grosseiros e soezes, constroem aqui seu alojamento para morada das almas dos mortos, até que abandonem tais prazeres e estejam disposto a seguir adiante”.[vi]

Terminada a minha segunda viagem[vii], sei agora, fui apresentado aos elementos do ar, que guardam o lado direito do portal, e aos elementos do fogo que guardam o seu lado esquerdo.

Antes de iniciar a minha terceira viagem, foi-me então explicado que nos antigos Mistérios, quando nesta viagem o candidato saía das tenebrosas cavernas, entrava numa região de silêncio, símbolo dos subplanos superiores do mundo astral, onde não podem penetrar os sonhos ásperos, grosseiros, conquanto haja ainda ali alguma desarmonia ente as almas.

Dei então início à minha terceira viagem simbólica, também análoga às anteriores, mas agora sem qualquer dificuldade de maior e sob um completo silêncio. Correndo o risco de errar, digo eu agora, havia simbolicamente atingido os umbrais do mundo celeste, onde o silêncio perfeito acalma os fatigados sentidos e o envolve numa tranquila e indescritível paz.

Foi-me então explicado que para trás havia ficado o mundo inferior, diante de mim estavam as alegrias do céu.

“Nesta etapa de seu progresso ele simboliza o discípulo na senda probatória, e deve exercitar as três qualidades de discernimento, ausência de desejos, boa conduta ou autodomínio, que o livrarão do plano emocional, como se livrou do plano físico antes de entrar na L.´.”.[viii]

Compreendi nessa altura que no futuro a “empreitada” se revelaria de enorme monta, as exigências iriam ser muitas e exigentes, porque não bastaria aos membros desta Ordem o que ao longo da minha vida me foi sendo exigido, nada disso, ficou bem claro para mim que, só quando eu souber compreender e assimilar a mensagem de todos os símbolos que me eram oferecidos para meditação, eu teria satisfatoriamente superado a prova “… da Terra para a Glória do G.´.A.´.D.´.T.´.O.´.M.´.”[ix].

Referências Bibliográficas


[i] Encontrei diversas explicações para tal preparação, nomeadamente, o peito esquerdo despido porque em alguns ritos ele recebe o toque da espada ao entrar na loja, ou então, na Maç.´. masculina, porque desse modo se sabe que o candidato não é uma mulher.

[ii] Pelo que sei agora, este conjunto de provas variam nos diversos ritos, mas em todos se pretende avaliar as qualidades morais e a aptidão intelectual para o candidato compreender os valores e os mistérios da Ord.´..

[iii] L.´., sei agora.

[iv] LEADBEATER, C. W. – A vida oculta na Maçonaria. São Paulo: Ed. Pensamento, ISBN 978-85-315-0704-5, Tradução da 2.ª Edição de 1928.

[v] Oper. Cit.

[vi] Oper. Cit.

[vii] “A carência de desejos é a qualidade que pode capacitar o candidato a passar através de engodos desta região, pelo que uma vez mais entrega aos elementos o que desta região possui. E passa adiante, já amigo deles, que estarão sempre prontos a lhe emprestar seus tesouros, porque sabem que é um Irmão da luz e que não os guardará para si mesmo, mas lhes dará boa aplicação e lhos devolverá oportunamente.” (Extr. e Adpt. GUERRA, Manuel – A trama maçónica. Parede: Ed. Principia, 2008. ISBN 978-989-8131-19-5).

[viii] LEADBEATER, C. W. – A vida oculta na Maçonaria. São Paulo: Ed. Pensamento, ISBN 978-85-315-0704-5, Tradução da 2.ª Edição de 1928.

[ix] Extr. e Adap. Oper. Cit.

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