Quais são
os utensílios de um A.´.?
- O
cinz.´. e o maç.´..
Que
representam eles?
- O cinz.´. representa o pensamento preso e as resoluções tomadas. O maç.´. a vontade que
vai colocá-las em prática.
Quando
fui convidado pelo N\ Q\I\ Pr.´. Vig\ a prestar provas para o meu
aum.´. de sal.´., foi-me relembrado que deveria reler o já mencionado
livrete, fiquei preocupado porque, em consciência, nunca o tinha lido do
princípio ao fim, mas apenas seguido a prática de sempre recorrer a ele como a
minha primeira fonte no estudo que fui fazendo sobre os mais diversos temas.
Seria o
bastante? Certamente que não, pois estava ciente que jamais estaria totalmente
preparado para tais provas, no entanto, tinha para mim que a aposta que havia
feito estava correta, recordo bem os concelhos que me foram dados pelo N\Q\I\ Osíris – “Não decores nada, de ti
espero muito mais do que isso, espero sim que percebas.”. Eu acrescentaria,
decorar é fácil, sei isso bem, o difícil está em compreender.
Ora,
tenho sentido de alguns II\ a
preocupação de encontrarem a melhor abordagem para o estudo do livrete, qual o
melhor método, decorar? Ele até tem poucas páginas. Não MM.´. QQ\II\, eu
procuro não seguir esse caminho, fui sabiamente aconselhado a não o fazer.
Nesse sentido, pensei para mim se não seria interessante aqui reproduzir o que
tem sido o meu método de estudo, tenho a certeza que é imperfeito, pode ser
melhorado, mas, qual a melhor forma de o fazer do que coloca-lo à consideração critica
dos MM\QQ\II\.
Assim,
socorrendo-me dos apontamentos que fiz na altura, vou procurar aqui reproduzir,
ipsis verbis, o meu estudo sobre as ferramentas do A.´..
Logo que
tive conhecimento que o maç.´. e o cinz.´. eram as ferramentas, ou utensílios, do
A.´. Maç.´., levantaram-se várias questões, mas, porquê o maç.´. e o cinz.´.?
Porque não apenas um deles? Ou, por que razão estes e não outros?
Tomando
atenção à minha fonte primária, fico a saber que o cinz.´. representa o
pensamento preso e as resoluções tomadas e o maç.´. a vontade que vai coloca-las
em prática. Muito bem, mas porquê?
Efetivamente,
as ferramentas utilizadas pelos designados A.´. Maç.´. Op.´. eram o
maç.´. e o cinz.´., era com estes que trabalhavam a ped.´. brut.´., utilizando a
força da gravidade do maç.´., juntamente com a massa metálica de que é composto,
iam produzindo a desagregação, ou fratura, de outra massa de pedra ou matéria
bruta, menos homogênea e resistente que a sua própria massa. Mas, esta força ou
poder pode ser apenas destrutiva, a menos que aplicada com extremo cuidado,
inteligência e esmero[i].
Por outro lado, o cinz.´. também possui massa, limitada e por vezes metálica,
mas a sua têmpera e agudez tornam-no distinto, pois enquanto é cravado na
matéria bruta onde se aplica, corta-a ao invés de quebrá-la, não a
transformando em pedaços como aconteceria se aplicado apenas o maç.´..
Começo a
compreender o porquê destes dois utensílios, um sem o outro não teriam o mesmo
efeito sobre a matéria e o trabalho não seria executado, tanto mais, que a
resistência e homogeneidade da massa de que é composto o cinzel o tornam
especialmente adaptável a suportar no seu extremo superior todos os golpes
desferidos pelo maço, transferindo esse efeito à matéria, passando a formatá-la
e não a destruindo.
É agora
claro para mim que um sem o outro, o cinz.´. e o maç.´., seriam ineficientes e
incapazes de produzirem por si só, toda a exemplar operação a que estão
destinados.
Por outro
lado, e não menos verdade, sabemos todos que a Maç.´. é “… um sistema de
moral velada pela alegoria e ilustrada por símbolos …“[ii] onde somos todos convidados e ver para além do óbvio, assim tudo se vai
progressivamente tornando claro, ou senão, vejamos:
Para o
simbolismo Maç.´. a Ped.´. Brut.´. nada mais é que o próprio homem diante da sua
vida terrena, com toda a imperfeição que esta nos moldou durante tempos a fio desde
o nosso nascimento, com abuso das paixões, submissão aos vícios e prática de
más tendências. Tudo isto “temperado” com as frustrações do egoísmo, como
refere Platão, “Aquele que deseja aproximar-se da perfeição moral, deve
arrancar do seu coração todo o sentimento de egoísmo; por ser incompatível com
a justiça, o amor e a caridade, ele neutraliza todas as outras qualidades”.
Para
tanto, estando a Ped.´. Brut.´. submetida às ações do seu meio, deve sofrer o seu
corte por meio de efeitos e causas, é esta a regra da natureza, e assim
acontecerá no seu dia-a-dia. A Ped.´. Brut.´. é inerte, sem a propulsão da causa e
vitima somente dos efeitos, e para que aja com respeito à natureza e não seja
submissa às ações ativas de outrem ou de outra coisa, é necessário que seja
reparada pelas suas ações diretas, e não mais indiretas do meio, procurando
reagir para agir.
Ora, as
ferramentas para o corte e o desbaste são simbolizadas pelo cinz.´. e o maç.´., e
estes são operados em conjunto para dar forma, agindo sobre a Ped.´. Brut.´., que,
aperfeiçoada, poderá ter a sua reação, saindo do estado de inércia para a
reatividade, a cada lasca que for desbastada pelo cinz.´., reage às pancadas do
maç.´..
Como
refere o nosso livrete do pr.´. gr.´., o maço é a pura simbologia da vontade
do homem, a força medida, a transpiração e inspiração sobrepondo a sua
inteligência. Certamente, não é preciso ser inteligente para ter vontade, mas é
preciso ter vontade para ser inteligente.
E o
cinz.´., este representa aqui a razão espiritual, o complemento da força, a
própria inteligência, como referem alguns autores, “… o farol que ilumina o
caminho“. Tanto o Maç.´. como o Cinz.´., de per si, não conseguem
realizar os seus propósitos, pois ambos necessitam de ações para obterem
reações, e, “… somente iremos até à porta com a vontade de andar (Maç.´.) e o
saber andar (Cinz.´.)”[iii].
Fica tudo
bem mais claro, e tenho para mim que todos nós, como homens (Ped.´. Brut.´.),
estamos à procura da perfeição, sendo desbastados pela inteligência (Cinz.´.),
submetidos às nossas vontades (Maç.´.), e, dia-a-dia, assim como as mãos dos
artistas, vamos fazendo nascer obra de arte, preocupando-nos com todos os
detalhes, procurando dosar e controlar as nossas paixões, vencer os nossos
vícios, levantar templos às nossas virtudes, enfim, “… procurando a medida
justa e perfeita para a construção do nosso T.´..”[iv]
Para
finalizar, reproduzo aqui um pequeno apontamento que tenho no final das minhas
notas – Jamais me esquecerei que as ferramentas do A.´. Maç.´. são o Maç.´. e
o Cinz.´..
Referências Bibliográficas
[i] JUNIOR, Raymundo D’ella – Maçonaria –
50 Instruções de companheiro, São Paulo: Madras, 2011, ISBN 978-85-370-0692-4.
[iii] PINTO, M. J. Outeiro – Do meio-Dia à
Meia-Noite. São Paulo: Madras, 2007. ISBN 978-85-370-0182-0.
[iv] PINTO, M. J. Outeiro – Do meio-Dia à
Meia-Noite. São Paulo: Madras, 2007. ISBN 978-85-370-0182-0.
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